Nade abaixo ou perto do ritmo de Ana Marcela na Ultra do Ita

O aproveitamento das marés e as já famosas correntezas do rio Itapanhaú, em São Paulo, permitem aos nadadores atingirem tempos surpreendentes ao se aventurarem em suas águas. A Ultra do Ita, prova que acontece neste sábado (27), é prova disso. E você pode até “nadar mais rápido” do que Ana Marcela Cunha, uma das melhores maratonistas aquáticas da história. 

O rio Itapanhaú é o maior rio paulista que deságua no oceano e desde 2018 abriga a Ultra. A prova de 15 km, em grande parte serpenteando pelo rio, larga no bairro Mangue Seco, passa pelo canal da Bertioga em sua parte final e termina no Forte São João, primeira fortificação planejada pela coroa portuguesa nos anos de 1500, de acordo com a Prefeitura de Bertioga (SP).

No ano passado, a campeã Vitória Farabulini completou os 15 km em 2h17min17s, ou média de 55 segundos a cada 100 metros. A baiana Ana Marcela Cunha terminou os 10 km nos Jogos de Tóquio 2020 em 1h59min30s8. Ela manteve uma média de 1min11s para chegar ao ouro olímpico. Já nas piscinas, a melhor marca da história nos 1.500 m livre é de Katie Ledecky, dos Estados Unidos, com 15min20s48, média de 1min02. 

Entre os homens, em 2023, Luiz Felipe Lebeis concluiu os 15 km em 2h12min58s, ou seja, uma média de 53 segundos a cada 100 metros. O recordista mundial dos 1.500 m livre é o chinês Sun Yang, com 14min31s02, média de 58 segundos a cada 100. O campeão olímpico da maratona aquática, o alemão Florian Wellbrock, terminou os 10 km em Tóquio 2020 em 1h48min37s, uma média de 1min05.

Mesmo que você não consiga “acompanhar” os recordistas mundiais e campeões olímpicos com a ajuda extra do Ita, seu ritmo vai melhorar muito comparando com as provas “normais”.

Tríplice coroa turbina inscrições

Novidade da Associação 14 Bis, organizadora da prova, para a temporada 2024, a tríplice coroa paulista das ultramaratonas aquáticas deu uma turbinada na sexta edição da Ultra do Ita. A tríplice coroa será concedida a quem completar três provas de maneira individual: Ultra do Ita, Mega do Ita e Travessia 14 Bis. Primeira parte deste quebra-cabeça, a Ultra do Ita é a mais acessível dessas ultramaratonas, seja pela metragem ou pela época do ano.

Coincidência ou não, o número de inscrições solo teve um aumento de quase 40%. Em 2023, foram 202 nadadores que nadaram sozinhos, enquanto que no próximo sábado serão 282 inscritos na modalidade solo. 

“Acho que dois fatores explicam esse crescimento. Além do interesse em obter a tríplice coroa, a Ultra do Ita está cada vez mais consolidada”, afirma o organizador da prova e presidente da Associação 14 Bis, Percival Milani.

A procura para os revezamentos, que não contam para a conquista da tríplice coroa, registrou uma leve queda em 2024. Foram 34 equipes, formadas por três atletas, podendo ser femininas, masculinas ou mistas, em 2023 e serão 31 neste ano.

Depois da Ultra do Ita, os candidatos precisam encarar a Mega do Ultra, em julho, e a Travessia 14 Bis, em outubro. Percival explica que as três provas precisam ser feitas em 2024 para contar como tríplice coroa paulista da Associação 14 Bis.

“Quem já fez, por exemplo, a 14 Bis em outro ano e não puder fazer neste tem a tríplice coroa no coração”, diz ele, também ultramaratonista e com Canal da Mancha no currículo. “Mas o quadro que vamos oferecer, sem custo extra, é para encaixar as medalhas deste ano.”

Desafio tem metragem crescente

Depois da Ultra, a próxima perna da tríplice coroa é a Mega do Ita, prova de 21 km que percorre alguns trechos da irmã menor e é disputada em uma época do ano mais fria. A roupa de neoprene, que não é permitida no regulamento da Ultra, será liberada na Mega, marcada para o dia 27 de julho. “Até por uma questão de segurança dos atletas”, afirma Percival Milani.

A tradicional Travessia 14 Bis, ultramaratona de 24 km e disputada desde 1970, é a última prova do desafio. A 14 Bis acontece no dia 26 de outubro.