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Fabio Santi foi um profissional de excelência na natação mundial, contratado para ser “colega de firma” dos maiores atletas da modalidade. Mesmo depois da aposentadoria, demonstra “o verdadeiro espírito do esporte”, nas palavras de um experiente colega de águas abertas, nas quais Santi ainda é um novato, com apenas três provas no currículo.

Na véspera da seletiva olímpica, que tem 333 atletas inscritos e acontece na piscina da Comissão de Desportos da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, o atleta publicou nas redes sociais um “post dedicado aos meus amigos nadadores e comissão técnica”. 

“Vocês são exemplos de superação e talento e merecem brilhar no maior palco do esporte mundial. Que a paixão pelo esporte, a força, a perseverança e a busca pela excelência sejam seus motores nessa jornada épica rumo as vagas olímpicas!”, escreveu Santi. “Vocês merecem o melhor! Boa seletiva olímpica a todos vocês, meus amigos! Estarei torcendo a cada braçada e vibrando com cada conquista.”

Santi citou ainda os “fortíssimos índices” estabelecidos para ir aos Jogos de Paris 2024. A seletiva remete à uma questão triste da carreira do nadador. “Em 2014 já tinha nadado abaixo do índice olímpico da Rio 2016, mas ainda não valia como seletiva olímpica”, conta Santi. “E quando tivemos as duas chances de classificação, eu fiquei a poucos centésimos dos índices tanto na prova dos 100 como na dos 200 m costas.”

Diversão após emoção e euforia

O episódio olímpico foi o único em que Santi demonstrou alguma tristeza quando contou sobre sua carreira, sua ligação com natação e sua recente incursão nas águas abertas em troca de mensagens após sua participação na Ultra do Ita, no dia 27 de abril.

“Foi uma prova muito divertida! Nunca tinha nadado mais do que 3k, então pensei em me divertir, aproveitar o momento com os amigos que encontrei por lá e finalizar bem o revezamento que estava brigando pelas primeiras posições”, afirmou ele, que caiu na água em uma acirrada disputa pelo segundo lugar e terminou a prova na primeira colocação com mais de 8 minutos de vantagem sobre o rival que entrou poucos segundos depois dele para o trecho de 4,4 km.

Mostra pódio
Fabio Santi (centro) ao lado de Rodolfo e Guto

Aos 35 anos, ele conta que recebeu o convite para nadar o revezamento de dois amigos (Rodolfo e Guto). “Na hora da emoção e euforia, eu aceitei. Depois de um tempo, parei, pensei e vi no que eu estava me metendo (risos). Estava nadando 1.200 metros por dia e olhe lá, mas deu tudo certo”, afirmou o gerente da N1 Academia, que tem três unidades em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Em seu Instagram, Santi mostra a animação em que completou a prova, correndo e levantando os braços, a medalha e os momentos pré-prova. Nos comentários, o especialista em águas abertas Marcos Fraccaro deixou uma mensagem. “Cara! Legal demais ver você nadando essas provas e mostrando o verdadeiro espírito do esporte! Parabéns!!”

Novato procura novas provas e pede sugestões

Santi começou a nadar aos 8 anos, em  São José do Rio Preto (SP), e sempre competiu somente em piscina. “Travessia entrou na minha vida depois que eu ‘me aposentei’ da parte profissional. A Ultra do Ita foi minha terceira prova só”, afirmou ele, que diz estar procurando por novos eventos em águas abertas. “Tem alguma sugestão?”

Ele diz que também pretende treinar para disputar competição em piscina e cita o Troféu Brasil, evento da ABMN (Associação Brasileira de Natação Master), em junho, em Catanduva (SP), mas diz estar sem uma rotina bem definida. “Treino é uma palavra meio forte (risos). Tento nadar todos os dias 45 minutos, faço yoga e musculação pelo menos de uma a duas vezes na semana e agora estou me aventurando na corrida (risos), mas bem de leve.”

Pódio com Phelps e competição de outro mundo

Dois assuntos em que Santi demonstra empolgação são uma disputa com Michael Phelps e a participação na ISL. Em seu Instagram aparece uma foto em que Santi está no pódio ao lado do americano após uma prova de 100 m costas, em 2007. Phelps ainda não era o Phelps. “Naquela época, eu estava treinando com o coach Alex Pussieldi, na Pine Crest, e morando na Flórida. Fomos competir um Grand Prix em Missouri e lá estavam vários atletas americanos já consagrados como o Phelps, Aaron Peirsol e Brandon Hansen.”

Um homem alto, sem camisa e com touca e óculos de natação ao lado de um menino mais baixo e com camiseta verde
Santi ao lado de Michael Phelps

“Ele (Phelps) ganhou, óbvio, e eu fiquei em segundo lugar”, lembra Santi. O recordista de medalhas olímpicas fez 54s46, e o brasileiro 58s69. Peirsol, então recordista mundial com 53s17, não disputou a final. “Uma pena. Imagina se ele nada a prova. Eu ficaria em terceiro e teria uma foto com os dois no pódio (risos).”

Sobre a ISL (International Swimming League), Santi diz ser coisa de “outro mundo”, do ponto de vista competitivo, estrutural e organizacional. “O que falar de uma das competições mais incríveis que já participei?”

Ele nadou a season 2 e 3 pelo Aqua Centurions e cita o privilégio de estar entre os melhores atletas do mundo. “Poder estar com eles no dia a dia, treinando e competindo, foi uma das melhores experiências de vida como atleta”, disse o nadador, lembrando que diferentemente de outras competições a torcida não é somente pelos companheiros da seleção brasileira. “Tinha atletas de todo o mundo no meu time! Eu não estava torcendo pelos brasileiros, mas sim pros italianos, americanos, japoneses, húngaros, neerlandeses, russos.”

A season 3 aconteceu um mês depois da Olimpíada de Tóquio. “Então a ampla maioria dos medalhistas olímpicos estava na ISL. Além de competir com eles, pude treinar durante os dias que não tinha competição, conversar, fazer amizade e sair”, afirmou.  “É algo que vou levar para o resto da vida.”

Após se destacar nas competições da região de São José do Rio Preto, Santi resolveu se federar, “um pouco tarde”, por volta dos 14 anos, e passou por Corinthians, Unisanta, Americana, Pinheiros e encerrou a carreira em 2021 no Flamengo. “Fui atleta das Forças Armadas (Marinha) por 8 anos, cheguei a ser campeão brasileiro absoluto (Troféu Maria Lenk e Finkel), campeão e recordista mundial militar, campeão e recordista do Campeonato Sul-Americano.”

Em 2016, ao vencer os 200 m costas no Sul-Americano no Paraguai com 1min59s47, Santi superou o recorde de Rogério Romero (1min59s77), que tem cinco participações olímpicas, estabelecido em 2000. Romero é o nadador brasileiro que mais disputou Jogos Olímpicos.

2 comentários

  1. E UMA GRANDE HONRA PODER CONVIVER COM VOCE E VER O TANTO QUE VC É HUMILDE !

    FOI UMA GRANDE HONRA NADAR O REVEZAMENTO COM VOCE NA NOSSA EQUIPE ….. O QUE COM CERTEZA FEZ TODA A DIFERENÇA!!

    PARABÉNS E OBRIGADO

    ABS

    GUTO

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