Mostrar o quadro completo da tríplice coroa paulistas das ultramaratonas aquáticas
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A Tríplice Coroa paulista das ultramaratonas aquáticas foi instituída neste ano pela Associação  14 Bis como forma de incentivar a participação nas provas organizadas pela entidade. Para conquistar a Tríplice Coroa é preciso participar da Ultra do Ita (15 km), da Mega do Ita (21 km) e da 14 Bis (24 km).

A iniciativa deu resultado. O número de inscrições para as três provas registrou aumento considerável de 2023 para 2024.  Na Ultra, saltou de 207 para 375 (crescimento de 81%). Na Mega, cuja primeira edição aconteceu no ano passado, foram 205 inscrições contra 124 (65%). Para a 14 Bis, o aumento foi menor, de 158 para 200 (26%). Chegaram para a mais tradicional prova da tríade, a 14 Bis,  99 atletas aptos a sair da água na Base Aérea de Santos como detentores da Tríplice Coroa.

“Dá pra ver que a Ultra e a Mega são mais populares, pelas distâncias menores e também porque assustam menos, pois corre a notícia de que o rio (Itapanhaú) ajuda muito”, afirmou Percival Milani, presidente da Associação 14 Bis. “Já a 14 Bis é uma prova mais sênior, mais séria e seus participantes acabam passando por uma seleção natural”, afirmou Percival, está deixando a organização da prova após 19 edições.

Dentro do seleto grupo de 99 aultramaratonistas, existe outro ainda mais restrito, que reúne apenas 6 nomes. Luna Mendes Teixeira, Raissa Aparecida Henrique Rodrigues, Iara Araújo Takamiya, Henrique Martins Santos, Elias Alves Silva e Luiz Felipe Lebeis foram os campões de suas categorias tanto na Ultra como na Mega do Ita.

Se repetirem a vitória na 14 Bis, no dia 26 de outubro, conquistam a Tríplice Coroa de maneira ainda mais especial. Seria o que poderíamos chamar de Tríplice Coroa Dourada.

Luna Mendes Teixeira

Mais nova deste grupo de elite, Luna tem 15 anos e comemorou sua estreia em ultramaratonas, justamente na Ultra do Ita, em abril. “Finalmente ultramaratonista! 1 km por cada ano de vida. Que experiência doida. Tô tentando raciocinar tudo que aconteceu até agora!”, escreveu ela no Instagram.

Pódio da categoria 14 a 16 anos feminina da Ultra do Ita de 2024
Luna festeja vitória na Ultra do Ita

Ela começou a nadar com 6 meses, por indicação da pediatra. “Atualmente, tenho treinado bastante. Todos os dias na piscina e, sempre que possível, tento fazer um treino em represa, mar etc. Além disso também tenho treinos de condicionamento físico, tudo pensado para a natação, e faço acompanhamento nutricional”, afirmou Luna.

A ultramaratonista representa a MF Assessoria Aquática e treina com o experiente Marcos Fraccaro, que recente colocou o Canal da Mancha no currículo. 

“Meu primeiro contato com a ideia de nadar em águas abertas foi aos 9 anos, sendo que a primeira prova que eu nadei realmente foi com 10!”, conta a ultramaratonista, que nadava em uma academia em Piracicaba (SP). Um  professor a viu nadar e perguntou aos pais se eles a levariam para uma “provinha”.

“Eles aceitaram, e conheci a MF Assessoria, o Marcos Fraccaro e a Carla Sturion. Veio a pandemia e no começo de 2021, quando tudo começou a normalizar eu retornei aos treinos, já com a MF, que é com que eu nado até hoje.

“Luna é simplesmente destemida! Nunca tive a oportunidade de treinar uma garota com tamanha coragem. Disciplinada durante toda a preparação, se dedicou muito e tenho certeza que irá conquistar mais essa travessia”, afirmou Fraccaro sobre a pupila.

“A 14 Bis é quase um evento mitológico! Fico muito feliz de saber que ela está motivada para completar mais esse desafio.”

Raissa Aparecida Henrique Rodrigues

“Minha meta é concluir a tríplice coroa”, afirmou Raissa Aparecida Henrique Rodrigues. “Minha expectativa é muito boa. É uma prova muito tradicional para nossa equipe, a Talentos do Capão”, completou ela, dizendo que pretende reduzir o tempo que fez em 2022 (6h35min53).

Mostrar Raissa e a mãe
Raissa (dir.) e a mãe, Clarisse

Ela conta que a mãe, Clarice Henrique, sempre participou de maratonas aquáticas. “Então sempre vivi nesse meio”, disse a estudante de biomedicina de 18 anos, que conheceu com mãe a Talentos do Capão em 2018.

“Comecei a treinar com eles e atualmente nado na Unisa de terça e quinta. Também tenho uma bolsa de estudos graças à parceira entre a Associação e a Unisa (Universidade Santo Amaro). Treino também aos sábados na represa.”

Raissa treina com André Petrozziello e faz aulas com Vinicius Magalhães. “Ela está com a gente há mais ou menos uns 6 anos e é uma pessoa super focada e determinada”, afirma André. “Amiga de todos, ela incentiva e está sempre presente nestes desafios maiores, Mega, Ultra, 14Bis e revezamento Caraguatatuba – Ilha Bela.”

“Faço algumas provas de 4 km e 5 km e de vez em quando essa mais longas, como a Ultra, a Mega e a 14 Bis, que particularmente eu gosto bastante”, disse a ultramaratonista, que também participa do circuito paulista de maratonas aquáticas organizado por Igor de Souza.

“Dar treino para uma atleta como a Raissa é muito gratificante. Ela sempre está disposta e focada. Cada conquista dela nos enche de orgulho”, afirma André. Hoje ela é um exemplo para os menores que estão chegando no grupo”, completou o técnico, ressaltando o início dela no ensino superior após bolsa de estudo com a Unisa.

Henrique Martins Santos

Engenheiro mecânico aposentado, Henrique Martins Santos disse que neste ano se preparou para as provas da tríplice coroa. “Iniciei em fevereiro e encerro agora depois da 14 Bis”, afirmou Henrique, que treina em Brasília. “Basicamente são 6 km por dia na piscina de segunda a sexta e sábado no lago Paranoá”, completou ele, que segue as planilhas do Samir Barel “há muitos anos”.

Três homens no pódio e um homem saindo da água
Henrique na Ultra do Ita

Aos 53 anos, Henrique conta que nadou muitos anos quando criança. “Trabalhei 20 anos na Ambev e neste periodo não pratiquei nada de exercício físico.” A volta à natação aconteceu quando se aposentou. “Iniciei em águas abertas em 2016 e não parei mais.”

Elias Alves Silva

Até agosto de 2014, Elias Alves da Silva era um atleta de corrida de rua, quando sofreu uma fratura por estresse.  Uma cirurgia em outubro daquele ano o deixou com  uma diferença de 4,5 cm entre as pernas. “Depois, em uma outra cirurgia em 2015, tive necrose na cabeça do fêmur e tive que colocar prótese total direita em 2016”, conta Elias.

“Fiquei com apenas 2 cm de diferença. Depois de quase ano da última cirurgia eu resolvi começar uma nova atividade física, a natação em águas abertas.”

Homem no pódio
Elias no pódio da Ultra do Ita

Ele começou em provas curtas. “Fui buscando fazer provas mais longas e no ano passado fiz minha primeira ultramaratona (15 km) em 3h24”, afirmou. Em 2024, ele colocou como meta fazer as três provas da Associação 14 Bis. Em março, na Ultra do Ita, foram quase 5 horas na água. “Não foi um bom tempo. Acho que a correnteza não ajudou muito e também não estava muito preparado”, analisou.

Na Mega, em julho, os 21 km foram completados em 5h05. Será a primeira 14 Bis de Elias, que treina sozinho nas unidades do Sesc e também na represa Billings, em São Bernardo do Campo (SP).  “Estou confiante. Treinei bastante para a conquistar a Tríplice Coroa”, disse Elias, que tem 50 anos e trabalha no Instituto Butantan como auxiliar de controle da qualidade.

Luiz Felipe Lebeis

“Ouso até dizer que passa rápido”, declarou um empolgado Luiz Felipe Lebeis sobre a 14 Bis, prova que ele vai disputar pela sexta vez. No ano passado, para conquistar sua terceira vitória, ele completou o percurso em 4h33min41s.

“Cada prova é uma emoção diferente, são muitas pessoas nadando e eu acho esse clima incrível! Apesar de ser uma prova difícil e que exige muita concentração, eu gosto muito de nadar! E mesmo já tendo nadado outras vezes, bate sim uma ansiedade, de ficar nadando várias horas”, afirmou o nadador, que conta com a orientação de Larissa Clair, com quem divide a L&L Assessoria.

Homem e mulher com troféu
Lebeis e Larissa na Mega do Ita

Larissa diz que treinar atletas para a 14 Bis é desafiante e empolgante. “Eu me apaixonei pela ultramaratona e estou sempre estudando muita fisiologia”, afirmou a técnica. “O treinamento precisa estar sempre a favor do atleta, para que eles gostem de treinar e não vire sofrimento. Gosto de dizer que eles treinam sorrindo.” 

“Ao começar a prova parece que tudo muda”, disse Lebeis. “É muita emoção na chegada! É uma sensação de conquista.”

A técnica conta que treinar o tricampeão da prova é um desafio à parte. “Estou sempre buscando algo para ele melhorar. Essa é a parte mais difícil, até porque ele já é um jovem quarentão (risos)”, completou ela. Lebeis completou 40 anos em julho.

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