
Prova com 375 inscritos, a Ultra do Ita representa bem os eventos de águas abertas, em que há os mais diferentes perfis de participantes. Há aqueles que buscam performance, os que usam a competição como um treino de luxo, quem experimenta a sensação de se aventurar em um novo desafio e também os que entram na disputa, mas também aproveitam a ocasião para confraternizar. Os 15 km da Ultra acontecem em grande parte no rio Itapanhaú, passam pelo canal da Bertioga (SP) e terminam no Forte São João.
Bicampeão da Ultra (2019 e 2023), Luiz Felipe Lebeis diz que não gosta de criar expectativa, mas quer se divertir e fazer uma boa prova neste sábado (27). “Eu gosto muito de competir”, afirmou o nadador de 39 anos. “Quero nadar me sentindo bem, já que venho treinando forte.”
Lebeis conta que seus principais objetivos neste ano são a 14 Bis, em outubro, e as provas de piscina. No último final de semana, ele bateu o recorde sul-americano dos 1.500 m livre na categoria 40+, com 16min13s59, em uma competição no Rio de Janeiro, onde mora e treina.
O bicampeão da Ultra lembra que sua primeira prova em águas abertas foi a Travessia dos Fortes, em 2002. “Tinha 18 anos e fiquei em quinto lugar. Tinha premiação em dinheiro até o quinto. Nunca tinha ganho dinheiro com a natação. Fiquei muito feliz”, afirma Lebeis, que atualmente tem sociedade com sua técnica, Larissa Clair, na assessoria de natação L&L.
No domingo, um dia depois de nadar a Ultra do Ita, Lebeis disputa a Travessia Poliana Okimoto, na praia do Indaiá, também em Bertioga.
Nadadores usam prova como treino de luxo
Marcos Fraccaro, 38, é outra figurinha carimbada nas águas abertas. Ultramaratonista, já foi campeão da tradicional 14 Bis (2022) e disputa a Ultra do Ita pela terceira vez (foi vice-campeão em 2019 e quinto colocado em 2021), além disso foi o mais rápido do Desafio 28 Bis, com 9h11min. Em 2021, ele nadou o percurso da 14 Bis (24 km) ida e volta.
Neste ano, Fraccaro vai usar a Ultra como treino para seu grande objetivo: o Canal da Mancha. Sua janela (período reservado para que ele cumpra o desafio) é de 25 a 31 de agosto. Professor de natação e proprietário da MF Assessoria Aquática, ao lado da mulher, a também nadadora, mas velocista Carla Sturion, o maratonista é só elogios para a prova que acontece no sábado (27), em Bertioga, no litoral paulista.
“É muito bacana. Tem uma correnteza muito forte na parte do rio, depois que entra no canal tem a diferença de temperatura e de corrente”, afirma Fraccaro. “Para quem gosta de águas abertas é um prato cheio. É uma prova cheia de adversidades.”
Thais Fernandes Sant’Ana, 31, também planeja desafiar o Canal da Mancha em agosto, e sua janela é um pouco antes da de Fraccaro, de 9 a 16. “A Ultra é um baita treino. A metragem é um pouco mais longa e a competitividade ajuda também”, afirma Thais, que foi a segunda colocada em 2023. Assim como Fraccaro, a capixaba é orientada por Samir Barel.
‘Equipe virgem’ desafia o Itapanhaú
A equipe PEC São Caetano é “uma equipe virgem”, de acordo com Diogo Fresneda, responsável por fechar o revezamento. Os três nadadores inscritos vão estrear na prova.
William Perez é o mais novo, mas o mais experiente na natação. “Nado desde moleque, mas nunca foi competitivo. Só por lazer”, afirmou o analista de TI de 26 anos. O lazer inclui uma participação na 14 Bis e apoio para amigos no caiaque no Itapanhaú. Ele decidiu estrear na prova após perceber o interesse do colega de treino Rubens Buset, o Rubão.
“Comecei a nadar tarde, aos 50”, conta o autônomo de 62 anos. “A minha primeira travessia, em Bertioga, foi de 400 m e saí nadando de costas. Fiquei apavorado. Estava com ar nos pulmões e queria enchê-los ainda mais”, lembra. Apesar disso, ele não parou mais e tem uma tática própria nas provas que faz. “Eu miro na boia e falo: ‘Já, já estou te pegando’. Quando eu a alcanço, dou uma cabeçada nela e digo: ‘Cheguei’.”

Fresneda, 35, é o integrante com menos tempo de natação da equipe. Começou a nadar em 2022 nas aulas do Programa Esportivo Comunitário (PEC) de São Caetano do Sul (SP). “Caía na água, mas não tinha técnica nem resistência. Não conseguia atravessar a piscina”, conta ele, que desde o início do ano passado integra a equipe master do PEC, da qual Perez e Rubão também fazem parte. “Quero terminar bem a prova. Nunca nadei em rio”, completa o head de compliance.
O professor de educação física Bruno Basei, 40, também vai fazer a Ultra do Ita pela primeira vez, mas sua estreia é na categoria solo. Basei faz provas de águas abertas há cerca de 15 anos, mas esta será sua primeira ultramaratona. “Foi a primeira vez que decidi mergulhar de fato numa disciplina de treino”, contou ele, que monta suas próprias planilhas e conta com o surfe para ajudar na preparação. “Sem preparo, não dá para fazer uma prova dessas.”
Morador de Bertioga, onde trabalha no SESC, há um ano, Basei disse que viver na cidade litorânea também o ajudou a encarar o desafio. “E quis mergulhar em Bertioga, conhecer as trilhas, o mar, a cultura caiçara. A prova também faz parte disso.”
Animação extrapola os 15 km
Elis Santos fez parte de um revezamento misto em 2023 e neste ano é uma das integrantes da equipe Miler Team Girls Power, com Lúcia Santos e Clarice Hashizume. “Estou bem animada. Teremos uma nadadora estreando em provas mais longas e a outra já é veterana. Essa prova nos motiva a dar o passo para o solo rapidamente”, afirmou. “Estamos prontas para nos desafiar, superar e acima de tudo nos divertir.”
Ela conta que parou de nadar depois da faculdade por causa dos compromissos profissionais. “Durante a pandemia comecei a nadar no mar com um grupo de amigos todos os dias e conheci o Claudio Miler que me incentivou a participar de competições”, conta a gerente comercial e atleta amadora master, que se diz apaixonada pela modalidade. “Decidi que ia viajar, competir, conhecer lugares e pessoas.”
Nessas viagens, ela já conheceu e nadou em lugares como Maceió, Rio de Janeiro, Salvador, Espírito Santo, Panamá, Portugal e Curaçau. O desejo de nadar a solo também tem a ver com o condicionamento para aproveitar melhor suas andanças pelo mundo. “Imagine viajar até o Egito para competir no Mar Vermelho e só nadar 1.500 metros”, disse Elis, que mora e treina em Santos (SP).
Investimento na água e na churrasqueira
Quem também gosta de diversão é a equipe Pesos Pesados, que venceu a categoria masculina no ano passado. O time, que disputa a Ultra desde a segunda edição, reúne atletas com pretensões diferentes. O jornalista Rodrigo Zevzikovas, o Z, diz que nem pensa em nadar a solo. “São muitíssimos quilômetros”, afirma. “Tudo acima de 50 m é muito para mim.”
Alexandre Massayuki Oikawa, o Batata, diz que o revezamento o motiva, pois as chances de subir ao pódio são maiores. Já o empresário Paulo Barbieri, o Tula, diz que tem vontade de nadar solo a Ultra e a Mega do Ita (21 km), além de mais uma 14 Bis, que ele disputou cinco vezes seguidas, de 2011 a 2015 . “Só preciso arrumar tempo para treinar e um ombro novo”, brinca Tula, 57.

Os Pesos Pesados gostam tanto da prova que investem em um caiaqueiro para acompanhá-los pelos 15 km. Pelo regulamento, o acompanhamento só é obrigatório na categoria solo. “Dá muito mais segurança”, afirma Z, que no ano passado atuou nesse apoio da equipe. “Foi muito legal. É uma experiência que aconselho a todos. Você curte a prova de outro jeito, conhece o percurso todo e a paisagem é linda.”
E não é só a prova que motiva os nadadores. Eles planejam se encontrar para jantar e pernoitar na casa de veraneio de Tula em Bertioga na véspera da prova. Um churrasco já está marcado para depois do rio.
“O churras é um momento aguardado pelos pesos pesados”, afirma Batata, product manager de uma empresa de tecnologia. “Sempre rola aquela resenha e conseguimos refletir um pouco sobre a prova. Além de podermos proporcionar um momento para as companheiras se divertirem.”
Parabéns Feo.
Desafios ; Objetivos; Metas; Buscas; Querer; Oportunidades; Prazeres; Evolução; Tesão Aquático….
Que venham os PRÓXIMOS.
Que honra tê-lo como leitor, Mircão. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Mirco Cevales é um dos maiores técnicos da natação brasileira, na piscina e nas águas abertas, além de ser um cara sensacional. E isso não é uma opinião só minha. Leia mais em Master também nada
A equipe Pesos Pesados agradece a citação na matéria e lembra que temos um quarto elemento que já nadou duas vezes conosco e este ano vai caiacar, o grande Fernando Itokazu, o Feu.
Parabéns Feu, vc tbm foi e sempre será um Peso Pesado ….. e o que falar dessa prova… A ultra do Ita é uma competição desafiadora que envolve nadadores enfrentando correntezas e paisagens naturais incríveis ao longo do percurso. É uma experiência emocionante e única para atletas e espectadores, repleta de superação e conexão com a natureza, quem nunca fez, vale a pena. 🏊♂️🌊🌳
E boa sorte aos Virgens… !!!!
Agradeço a mensagem, Potato. São pessoas como você e o Rodrigo Zevzikovas que o mundo das águas abertas precisa: sempre dispostas a ajudar. Aproveite mais uma Ultra e que venham mais conquistas!
Bem legal o artigo Feu.
Obrigado, Mara. Espero encontrá-la em mais provas neste ano, seja no apoio ou nadando.